A vida dá muitos voltas. Quando pensamos que temos tudo, que as coisas estão garantidas e que vai sempre ficar tudo bem, pumba, tiram-nos o tapete e caímos no chão sem ninguém que nos estenda a mão. Porque temos de ser nós a fazê-lo. Eu já me senti assim. As coisas corriam-me bem, de feição vá, e eu tinha tudo o que era necessário para ter uma vida estável e feliz. As discussões, essas são normais, e dou graças a Deus por terem existido, pois só assim se consegue perceber a opinião do outro e defender a nossa. Fazem bem. Apesar de pensar que tinha tudo, as discussões eram mais que muitas e mais para o fim tornaram-se uma coisa regular. Apesar de a culpa ser quase sempre minha (eu admito, vá) as coisas acabavam por ficar sempre bem, e se calhar esse é que foi o grande problema. Tenho noção que não me fazia mal nenhum ter ouvido um não, uns berros bem dados para eu me calar. Mas há pessoas que não são assim e deixam as coisas irem correndo. Mas não meus amigos, esse é que é o grande erro, digo eu que sei bem o que isso é. Quando não se gosta de uma coisa, de uma atitude, tem de se dizer, gritar se for preciso. Porque depois fazemos as pazes e sabe sempre muito melhor. Não basta esquecer, nem dar palmadinhas nas costas. É preciso mais! Quando me tiraram o tapete eu fiquei completamente perdida e não havia ninguém que me pudesse ajudar. Tinha de ser, se fui eu que criei aquela situação era eu que tinha de superá-la. E consegui, depois de muitos meses, depois de gastar imensos pacotes de lenços, depois de andar meses a fio amuada e não falar com quase ninguém, depois de ter chumbado, depois de ficar magra que nem uma cadela, depois de ser injusta com muita gente que não merecia, depois de querer desaparecer para todo o sempre, eu consegui. A dor foi-se atenuando e eu fui conseguindo voltar a sorrir. Jurei para nunca mais, que nunca mais me queria apaixonar por alguém, que o amor só traz sofrimento. Mas agora percebo uma coisa. Nada é para sempre (tirando alguns casos, assim muito poucos). Não vale a pena recusar o amor, fechar os olhos e pensar que consigo viver assim, sozinha, com os meus pais, e a minha família e os meus amigos. Não! O amor faz parte da vida. E eu quero que continue a fazer parte da minha porque eu sei, que um dia vou conseguir voltar a sentir borboletas no estômago, vou voltar a andar feliz por tudo e por nada, vou voltar a ser um doce de pessoa. Quem é que não merece?